Praça da República 22
Praça da República, 22 – Centro, Rio de Janeiro
Data
De 1960 até 2019
Pouco se conhece sobre o palacete eclético localizado à Praça da República nº 22 no Centro do Rio de Janeiro. Através do laudo de avaliação do terreno, datado de novembro de 1974, sabe-se que o imóvel foi construído em 1905, possuía três pavimentos e sua construção ocorreu após o alargamento da Av. Visconde do Rio Branco, durante a administração do Prefeito Pereira Passos. O edifício abrigou dois cursos da UFRJ: o Instituto de Eletrotécnica, entre 1948 e 1964, que na época pertencia à Escola Nacional de Engenharia, e a Escola de Comunicação, entre 1968 e 1971.
O Palacete da Praça República se destaca na paisagem urbana por sua implantação de esquina, como consta no “Rio Eclético – Guia para uma História Urbano”: “Na esquina com a Visconde de Rio Branco merece atenção o prédio nº22 [...], com canto arredondado encimado por cúpula de escamas de metal e tetos laterais com mansardas [...], que parece diretamente tirado de um álbum de vistas de Paris da época”. (DEL BRENNA, 1980-83, s/d)
[1] Processo nº8170173, no qual consta que a documentação legal da propriedade não foi fornecida à UFRJ, perdendo-se assim algumas informações importantes (Apud MARTINS, 2009).

Data
2019

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2019
Nas primeiras décadas do século XXI, a cessão para o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) volta a ser negociada com a UFRJ e alguns projetos aparecem noticiados em portais e em blogs tais como o Museu do Carnaval e Centro Cultural da Energia Elétrica. Entretanto, uma reportagem do G1, datada de 19 de junho de 2014, fala do projeto que realmente está sendo proposto para ser instalado no Palacete - o Centro Nacional de Arqueologia do IPHAN:
“São adaptações muito complexas que vão desde a necessidade de serem feitos reforços estruturais, por conta do peso dos materiais, até a climatização de todo o imóvel”, informou o Iphan. Após a restauração, será implantado o Centro Nacional de Arqueologia do Iphan, que abrigará em condições ideais todo o material arqueológico resgatado na cidade, além de laboratórios, sala de exposições e espaço para debates.” (G1,19/05/2014)
Uma vez que o interior foi muito danificado e o próprio programa exige uma readaptação no espaço para abrigar o material arqueológico, serão restaurados: a fachada principal com todos os vãos e ornamentação bem como a cobertura com a cúpula, elemento marcante na volumetria do edifício.
[4] Ver DIAS, 2021, p. 27.

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2006
Nas primeiras décadas de 1980, o edifício foi sede da 2ª Zona Eleitoral e, em 1983, passa a integrar o Corredor Cultural através do Decreto nº4141de 14 de julho de 1983:
“Art 3º - Integram o Plano de Preservação Paisagística e Ambiental de Interesse Histórico e Arquitetônico localizados no Centro da Cidade – Corredor Cultural às áreas definidas pela [...] rua Uruguaiana, seguindo por esta (incluindo ambos os lados) até a Avenida Presidente Vargas (apenas o lado ímpar) até a Praça da República, seguindo por esta (ambos os lados) até a sua confluência com a Rua Frei Caneca, seguindo pela Praça da República (em ambos os lados) até a Rua Visconde do Rio Branco, seguindo por esta (em ambos os lados) até a Praça Tiradentes, [...]” (RIO DE JANEIRO, 1983, grifo nosso)
O edifício fica sem uso até quando é cedido a Fundação Pró- Memória- FNPM em 1986 e, em 1989, são realizadas obras para que o edifício abrigue sua sede. Algumas dessas intervenções foram bastantes significativas pois alteraram elementos originais como a escada que dá acesso ao primeiro e segundo piso, laje de concreto no piso do último pavimento e fechamentos de vãos. Com a extinção da FNPM em 1990, as obras foram interrompidas e, novamente, o edifício fica abandonado.
[2] A partir da Lei Complementar nº 16 de 1992 – Plano Diretor Decenal da Cidade o Corredor Cultural e sua zona de abrangência passaram a ser uma Apac, dividido em três áreas: Saara (onde se encontra o Palacete), Praça XV e Cinelândia. Ver Mapa. Disponível em: http://www.multirio.rj.gov.br/images/img_2015_01/mapa_def.jpg. [3] “A Fundação Nacional Pró-Memória foi um órgão público criado em 1979 e extinto em 1990. Funcionou ao lado da Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), formando com ela uma organização dual, que visou dar maior dinamismo às políticas culturais voltadas para a preservação do patrimônio cultural” (Ver Dicionário do Patrimônio Cultural- Verbete - Maria Beatriz Rezende, Bettina Grieco, Luciano Teixeira, Analucia Thompson).

Data
2002
Patrícia Vasconcellos, em sua obra Interiores (2002) acrescenta que as características ecléticas do Palacete não se reduzem ao esquema de implantação, composição da fachada e volumetria, mas, principalmente, à decoração interna de seus ambientes. A autora descreve um forro de teto que “reunia as linhas denticuladas e os frisos salientes, característicos dos estilos clássicos, com florões assimétricos e outros motivos de inspiração vegetal, próprios do ecletismo”. Sobre o piso do saguão, destaca tratamento especial: “O piso recortado pela escada de acesso, foi revestido com ladrilhos hidráulicos com flores, margeados por um friso de arremate que seguia o desenho arredondado do ambiente e valorizava as curvas de encontro com o guarda corpo da escada.” (VASCONCELLOS, 2002, p.138-139)

Data
cerca de 1960
O Palacete apresenta a composição de um bloco - um torreão coroado por cúpula, ao centro, na esquina – e outro bloco, que é uma das tipologias identificada por Rocha-Peixoto (In: CZAJKOWSKI, 2000) como prevalecente nos esquemas de composição no ecletismo carioca. As fachadas marcam a diferença entre os pavimentos: o térreo com um “rusticado fingido”, o primeiro pavimento ou “o piso nobre” com pilastras engastadas e balaustradas e a cobertura com mansardas, cúpula e lanternins.
Bibliografia
CZAJKOWSKI, Jorge (Org.) Guia da arquitetura eclética no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro / Casa da Palavra, 2000.
DEL BRENNA, Giovanna. Rio Eclético. RIO Guia para uma História Urbana. Rio de Janeiro: Departamento Geral de Imprensa Oficial- SMA, 1980-83).
DIAS, Adriano de Araújo. "Projeto de Restauração do Palacete Praça da República 22 – o uso como princípio de preservação". (Dissertação Mestrado Profissional em Projeto e Patrimônio) Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2021.
MARTINS, Ana Paula R. da S. Dutra. "O Patrimônio Eclético no Rio de Janeiro e sua preservação". (Dissertação Programa de Pós-Graduação em Arquitetura -Proarq) Faculdade de Arquitetura FAU- Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ. Rio de Janeiro: 2009.
PORTAL DE NOTÍCIAS G1. “Após restauração, casarão no Rio vai abrigar centro de arqueologia do Iphan” (19/05/2014). Disponível em: https://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2014/05/apos-restauracao-casarao-no-rio-vai-abrigar-centro-de-arqueologia-do-iphan.html. Acesso em: 09/04/2022.
RIO DE JANEIRO (Prefeitura). Decreto n. 4141 de 14 de julho de 1983; Lei Complementar nº16 de 1992- Plano Diretor Decenal da Cidade. Disponível em: http://www.rio.rj.gov.br/web/irph/apac. Acesso em: 28/03/2022.
VASCONCELLOS, Patrícia. Interiores: corredor cultural: centro histórico do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Editora Sextante, 2002.